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Vigésima Primeira Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21)

A 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21) foi realizada entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2015, em Paris, França, e ficou marcada como um dos eventos mais importantes da história da governança climática internacional. O encontro reuniu representantes de 195 países com o objetivo de concluir um novo acordo global sobre o clima, substituindo o Protocolo de Quioto e estabelecendo compromissos mais amplos, inclusivos e ambiciosos para conter o aquecimento global.


O principal resultado da conferência foi a adoção do Acordo de Paris em 12 de dezembro de 2015, um marco jurídico e político que estabeleceu, pela primeira vez, um compromisso global unificado para limitar o aumento da temperatura média do planeta a “bem abaixo de 2°C” em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitar esse aumento a 1,5°C. O acordo entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, após sua ratificação por pelo menos 55 países responsáveis por mais de 55% das emissões globais de gases de efeito estufa.


Diferentemente do Protocolo de Quioto, que impunha metas apenas para os países desenvolvidos, o Acordo de Paris adotou uma abordagem mais inclusiva, envolvendo todos os países na luta contra as mudanças climáticas, respeitando o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas e capacidades respectivas” (CBDR-RC). Cada nação apresentou sua própria Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que contém as metas voluntárias de redução de emissões, planos de adaptação e medidas de financiamento climático.


Outros pontos centrais do Acordo de Paris incluem:

  • Revisão periódica dos compromissos climáticos: Os países se comprometeram a revisar e fortalecer suas NDCs a cada cinco anos, com base em dados científicos e em mecanismos de transparência internacional.

  • Neutralidade de carbono: Foi estabelecido o objetivo de atingir emissões líquidas zero (ou neutralidade de carbono) na segunda metade do século.

  • Financiamento climático: Os países desenvolvidos reafirmaram a meta de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar países em desenvolvimento em ações de mitigação e adaptação. A continuidade e ampliação desse financiamento foram debatidas intensamente durante a conferência.

  • Perdas e danos: O acordo reconheceu a importância de tratar os impactos irreversíveis das mudanças climáticas em países vulneráveis, como ilhas ameaçadas pela elevação do nível do mar, por meio do Mecanismo de Varsóvia para Perdas e Danos.


O Brasil teve papel relevante nas negociações, defendendo a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C e apresentando uma NDC ambiciosa, com compromissos como reduzir 37% das emissões de GEE até 2025 em relação a 2005, e 43% até 2030, além de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, e atingir 45% de energias renováveis na matriz energética.


Apesar de o Acordo de Paris não conter mecanismos coercitivos para garantir o cumprimento das metas, sua força está na transparência, na cooperação internacional e na mobilização da sociedade civil, empresas e governos locais. Ele foi celebrado como uma vitória histórica da diplomacia climática, representando um novo modelo de governança ambiental baseado em compromissos nacionais voluntários, revistos à luz da ciência e dos princípios da equidade.


A COP 21 também foi um momento de grande mobilização global, com milhares de eventos paralelos, protestos, fóruns e debates envolvendo cientistas, ativistas, comunidades indígenas, organizações não governamentais e movimentos sociais, que ajudaram a colocar o clima no centro da agenda política e midiática internacional.



Referências:

  • UNFCCC. (2015). Paris Agreement. Disponível em: https://unfccc.int/process-and-meetings/the-paris-agreement

  • Earth Negotiations Bulletin. (2015). Summary of COP 21.

  • Governo do Brasil. (2015). Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil (NDC).

  • IPCC. (2014). Fifth Assessment Report (AR5).

  • Observatório do Clima. (2015). Acordo de Paris: O que foi decidido na COP 21.

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