
Incêndios na Austrália
Entre o final de 2019 e o início de 2020, a Austrália enfrentou uma das piores temporadas de incêndios florestais de sua história recente. Conhecido como “Black Summer” (Verão Negro), o período foi marcado por queimadas de proporções catastróficas, que destruíram milhões de hectares de vegetação nativa, afetaram gravemente a biodiversidade e causaram severos impactos sociais, econômicos e à saúde pública.
Os incêndios começaram em junho de 2019, com maior intensidade entre setembro e fevereiro de 2020. Estima-se que mais de 186.000 km² tenham sido devastados — uma área maior que a da Inglaterra.
Segundo dados do governo australiano, pelo menos 33 pessoas morreram diretamente, e mais de 3 bilhões de animais foram afetados, entre mortos, feridos ou deslocados, segundo levantamento da WWF-Austrália.
Além da devastação ecológica, os incêndios emitiram cerca de 900 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) para a atmosfera, conforme análise do Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS). A fumaça gerada foi tão intensa que atravessou o Pacífico, chegando à Nova Zelândia e à América do Sul, e teve efeitos nocivos à saúde humana em diversas regiões.
Diversos especialistas e instituições científicas, como a CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) e a Australian Academy of Science, apontaram que os incêndios foram agravados pelas mudanças climáticas. O ano de 2019 foi o mais quente e seco da história registrada da Austrália, com altas temperaturas, solos ressecados e ventos fortes — um cenário altamente propício para megaincêndios florestais.
O desastre também teve impactos econômicos profundos, com prejuízos estimados em mais de 100 bilhões de dólares australianos, segundo o Climate Council of Australia, tornando-se o evento climático mais custoso da história do país.
A crise dos incêndios de 2019 evidenciou a urgência de políticas climáticas mais ambiciosas, maior investimento em prevenção de desastres e adaptação, além do fortalecimento dos sistemas de resposta a emergências. Também trouxe à tona o papel das nações desenvolvidas na redução de emissões e a responsabilidade global diante de eventos extremos que já estão ocorrendo com maior frequência e intensidade.
Referências:
WWF-Austrália. (2020). Impacts of the 2019-2020 bushfires on wildlife and habitats. Disponível em:https://www.wwf.org.au/news/news/2020/3-billion-animals-impacted-by-australias-worst-bushfire-season#gs.6zmbhz
Australian Government. (2020). Royal Commission into National Natural Disaster Arrangements Report. Disponível em:https://naturaldisaster.royalcommission.gov.au/publications/royal-commission-national-natural-disaster-arrangements-report
Climate Council of Australia. (2020). Australia’s Black Summer – Climate Impacts. Disponível em:https://www.climatecouncil.org.au/resources/summer-of-crisis/
CAMS – Copernicus Atmosphere Monitoring Service. (2020). Record emissions from Australian fires. Disponível em:https://atmosphere.copernicus.eu/australia-fires-2019-2020-emissions
CSIRO. (2020). What role did climate change play in the 2019-20 bushfires?. Disponível em:https://www.csiro.au/en/news/news-releases/2020/what-role-did-climate-change-play-in-the-2019-20-bushfires
Australian Academy of Science. (2020). The science of bushfires and climate change. Disponível em:https://www.science.org.au/news-and-events/news-and-media-releases/science-bushfires-and-climate-change