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Vigésima Sexta Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26)

A 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26) foi realizada em Glasgow, Escócia, entre 31 de outubro e 13 de novembro de 2021, sob a presidência do Reino Unido em parceria com a Itália. Considerada uma das COPs mais importantes desde o Acordo de Paris (2015), a conferência aconteceu em um momento crítico, marcado pelos impactos cada vez mais severos das mudanças climáticas e pela publicação do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, que reafirmou com veemência a urgência de limitar o aquecimento global a 1,5°C.


A COP26 teve como principais objetivos garantir a atualização dos compromissos climáticos nacionais (NDCs), acelerar a eliminação do uso do carvão, promover a transição energética para fontes renováveis, impulsionar a mobilização de financiamento climático — especialmente para países em desenvolvimento — e avançar na regulamentação do Acordo de Paris, sobretudo no que se refere ao Artigo 6, que trata dos mecanismos de mercado de carbono.


O resultado mais significativo da conferência foi o Pacto Climático de Glasgow (Glasgow Climate Pact), que, embora tenha avançado em diversos pontos, foi criticado por sua linguagem suavizada. O texto final, após forte pressão de países como Índia e China, usou o termo “redução progressiva” (“phase down”) do uso de carvão em vez de “eliminação” (“phase out”), o que gerou frustração entre muitos negociadores e ativistas climáticos. Ainda assim, foi a primeira vez que uma decisão da COP mencionou explicitamente a necessidade de transição para longe dos combustíveis fósseis.


Entre os compromissos anunciados, destacam-se: a promessa de mais de 100 países de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 (Global Methane Pledge); a assinatura da Declaração de Florestas e Uso da Terra por mais de 140 países, comprometendo-se a interromper e reverter o desmatamento até 2030; além de compromissos financeiros como o Glasgow Finance Alliance for Net Zero, com mais de US$ 130 trilhões de ativos prometidos para a transição climática por instituições financeiras.


No entanto, a meta de mobilizar US$ 100 bilhões anuais para países em desenvolvimento — prometida desde 2009 — ainda não foi plenamente cumprida, o que gerou críticas severas sobre a equidade e justiça climática. Países insulares e africanos também demandaram avanços mais concretos sobre perdas e danos, ou seja, compensações por impactos climáticos irreversíveis, mas os avanços nesse tema foram limitados.


A participação da sociedade civil foi marcante, com dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Glasgow, cobrando ações mais ambiciosas e denunciando o que muitos consideraram como “greenwashing” por parte de alguns governos e corporações. O movimento climático juvenil, liderado por figuras como Greta Thunberg e Vanessa Nakate, teve papel central na pressão por mudanças estruturais e justiça climática intergeracional.


A COP26 simbolizou tanto os desafios da diplomacia climática quanto a crescente conscientização global sobre a gravidade da crise ambiental. Ainda que os resultados tenham ficado aquém do necessário, a conferência reforçou a importância de manter a meta de 1,5°C “viva” e criou as bases para os avanços posteriores nas COPs seguintes.



Referências:

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