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Relatório Stern

O Relatório Stern sobre a Economia das Mudanças Climáticas, publicado em outubro de 2006, é uma das análises mais influentes já produzidas sobre os impactos econômicos do aquecimento global. Encomendado pelo governo do Reino Unido e liderado por Nicholas Stern, economista-chefe do Banco Mundial à época, o relatório se destacou por colocar a crise climática no centro do debate econômico global. Seu objetivo principal foi avaliar os custos e riscos associados à inação diante das mudanças climáticas e propor estratégias econômicas viáveis para enfrentá-las.


A análise utilizou modelos integrados que relacionam dados climáticos com projeções econômicas de longo prazo, considerando efeitos como perda de produtividade agrícola, escassez de água, migração forçada, danos à saúde pública e à biodiversidade. Uma das principais inovações metodológicas do estudo foi o uso de uma taxa de desconto social muito baixa, o que deu maior peso às consequências para as futuras gerações e tratou a mudança do clima como um problema de justiça intergeracional.


Entre as conclusões mais relevantes do relatório, destaca-se a estimativa de que os danos causados pela mudança climática poderiam custar, no longo prazo, o equivalente a pelo menos 5% do PIB global por ano, podendo ultrapassar os 20% em cenários mais extremos. Em contrapartida, o investimento necessário para evitar os impactos mais graves seria de cerca de 1% do PIB global anual — valor posteriormente revisado para até 2%. A mensagem central do estudo é clara: os custos da inação são muito maiores do que os custos da ação.


Stern também classificou a mudança climática como o “maior fracasso de mercado da história”, uma vez que os impactos das emissões de gases de efeito estufa não são refletidos nos preços dos produtos e serviços, gerando uma externalidade negativa massiva. Esse diagnóstico justificaria a adoção de políticas públicas como impostos sobre carbono, criação de mercados de créditos de emissão, investimentos em tecnologias limpas e apoio a países em desenvolvimento para medidas de adaptação e mitigação.


O impacto do Relatório Stern foi profundo, influenciando decisões políticas em diversos países, especialmente na União Europeia, e fornecendo uma base sólida para negociações multilaterais no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Apesar de ter sido alvo de críticas — principalmente quanto à escolha da taxa de desconto, que foi considerada excessivamente baixa por alguns economistas —, o relatório permanece como um marco na compreensão das mudanças climáticas não apenas como um desafio ambiental, mas como uma questão econômica urgente e de escala global.


Referências

  • Stern, N. (2006). The Economics of Climate Change: The Stern Review. Cambridge University Press. Disponível em: https://webarchive.nationalarchives.gov.uk/ukgwa/20100407172811/http://www.hm-treasury.gov.uk/sternreview_index.htm

  • Dietz, S., & Stern, N. (2015). Endogenous growth, convexity of damage and climate risk. The Economic Journal, 125(583), 574–620.

  • Weitzman, M. L. (2007). A Review of the Stern Review on the Economics of Climate Change. Journal of Economic Literature, 45(3), 703–724.

  • Tol, R. S. J. (2006). The Stern Review of the Economics of Climate Change: A Comment. Energy & Environment, 17(6), 977–981.

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