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Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (AR5 – Fifth Assessment Report)

O Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (AR5 – Fifth Assessment Report), publicado entre 2013 e 2014, representa um marco fundamental na compreensão científica das mudanças climáticas globais. Elaborado por milhares de cientistas de diferentes países, o AR5 atualizou os conhecimentos sobre o aquecimento global, seus impactos, causas e possibilidades de mitigação e adaptação, com base nas evidências mais recentes até então. Dividido em quatro partes principais — três relatórios dos Grupos de Trabalho e um Relatório de Síntese — o AR5 serviu como base científica para a formulação do Acordo de Paris, adotado em 2015 durante a COP21.


O Grupo de Trabalho I, publicado em setembro de 2013, abordou as bases físicas das mudanças climáticas. O relatório concluiu com confiança de 95% que a atividade humana — especialmente a queima de combustíveis fósseis — é a causa dominante do aquecimento observado desde meados do século XX. Constatou-se que as concentrações de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxidos nitrosos (N₂O), atingiram níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. O relatório também alertou para o contínuo aumento do nível do mar, o recuo de geleiras e a redução da cobertura de gelo no Ártico, além da elevação das temperaturas oceânicas.


O Grupo de Trabalho II, lançado em março de 2014, analisou os impactos, vulnerabilidades e capacidades de adaptação. Foi enfatizado que os efeitos das mudanças climáticas já eram observáveis em todos os continentes e oceanos, com impactos que vão desde a segurança alimentar e hídrica até a saúde humana e a infraestrutura urbana. Destacou-se ainda a injustiça climática global, ao reconhecer que os países menos responsáveis pelas emissões históricas são os mais vulneráveis aos seus efeitos adversos. O relatório também introduziu o conceito de “limites de adaptação”, enfatizando que, mesmo com ações adaptativas, certas perdas e danos são inevitáveis.


O Grupo de Trabalho III, publicado em abril de 2014, abordou estratégias de mitigação. O relatório reforçou que limitar o aquecimento global a 2 °C acima dos níveis pré-industriais exigiria reduções substanciais e sustentadas das emissões de GEE ao longo do século XXI. Entre as alternativas discutidas estavam a substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis, a eficiência energética, a precificação do carbono e tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS). Foi também abordado o papel das cidades e do setor de transportes, além da necessidade de transformar os sistemas econômicos e de governança.


O Relatório de Síntese (Synthesis Report), publicado em novembro de 2014, consolidou os achados dos três grupos e reforçou que as mudanças climáticas representam uma ameaça séria, sem precedentes e de longo prazo ao desenvolvimento humano e à estabilidade do planeta. O documento serviu como base científica oficial para as negociações climáticas que culminaram no Acordo de Paris em 2015, ao oferecer um diagnóstico robusto e detalhado dos riscos e das soluções disponíveis. O relatório ressaltou que quanto mais se adiar a ação climática, mais difícil e cara será a transição para uma economia de baixo carbono.

Em termos de comunicação científica, o AR5 também inovou ao utilizar uma linguagem mais clara e gráficos acessíveis, com a finalidade de atingir um público mais amplo, incluindo tomadores de decisão, gestores públicos, organizações civis e cidadãos. A ampla divulgação do relatório em mídias e fóruns internacionais contribuiu significativamente para colocar a crise climática no centro da agenda global.


Assim, o AR5 representa não apenas uma atualização do estado da ciência climática, mas também um instrumento político poderoso para fundamentar ações urgentes e ambiciosas, reforçando a interdependência entre ciência, política e justiça climática. Seu legado permanece presente na formulação de políticas públicas, planos nacionais de adaptação e estratégias de descarbonização ao redor do mundo.



Referências:

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