
Furacões no Atlântico Norte em 2020
A temporada de furacões do Atlântico Norte em 2020 foi a mais ativa já registrada, destacando-se tanto pela quantidade de tempestades nomeadas quanto pela intensidade de vários eventos climáticos extremos. Ao todo, foram 30 tempestades nomeadas, superando o recorde anterior de 28 estabelecido em 2005. Dessas, 13 se tornaram furacões, e 6 chegaram à categoria de grande furacão (Categoria 3 ou superior), de acordo com o National Hurricane Center (NHC) dos Estados Unidos.
Devido ao número elevado de tempestades, a lista padrão de nomes da Organização Meteorológica Mundial (OMM) foi esgotada, forçando o uso do alfabeto grego, algo que só havia ocorrido anteriormente em 2005. Tempestades como Laura, Eta, Iota e Zeta causaram grandes danos em regiões como América Central, Caribe e sul dos Estados Unidos.
Segundo o NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), a hiperatividade da temporada foi resultado de uma combinação de fatores, incluindo:
Temperaturas acima da média da superfície do mar no Atlântico tropical;
Baixos níveis de cisalhamento do vento vertical, que favorecem o desenvolvimento e fortalecimento das tempestades;
Forte fase do fenômeno La Niña, que influencia os padrões atmosféricos globais.
Especialistas e organizações científicas, como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vêm alertando há anos que as mudanças climáticas induzidas pelo ser humano estão tornando os furacões mais intensos, chuvosos e duradouros. A elevação da temperatura dos oceanos, alimentada pelo aquecimento global, fornece mais energia para os ciclones tropicais, potencializando seus efeitos devastadores.
O furacão Iota, por exemplo, atingiu a Categoria 5 e devastou a América Central apenas duas semanas após o furacão Eta, que já havia deixado um rastro de destruição. Muitos dos países afetados, como Honduras e Nicarágua, enfrentaram crises humanitárias severas, com deslocamentos em massa, perdas de infraestrutura e escassez de alimentos.
Além dos impactos diretos, os furacões de 2020 também evidenciaram a crescente injustiça climática, pois regiões mais pobres e menos responsáveis pelas emissões globais são frequentemente as mais vulneráveis aos efeitos extremos do clima.
Referências:
NOAA. Record-breaking Atlantic hurricane season draws to an end. Disponível em: https://www.noaa.gov/media-release/record-breaking-atlantic-hurricane-season-draws-to-end
National Hurricane Center (NHC). Tropical Cyclone Reports 2020. Disponível em: https://www.nhc.noaa.gov/data/tcr/index.php?season=2020&basin=atl
IPCC. Special Report on the Ocean and Cryosphere in a Changing Climate (SROCC). Disponível em: https://www.ipcc.ch/srocc/
World Meteorological Organization (WMO). WMO retires Greek alphabet from list of tropical cyclone names. Disponível em: https://public.wmo.int/en/media/press-release/wmo-retires-greek-alphabet-list-of-tropical-cyclone-names
NASA Earth Observatory. A Record-Breaking Hurricane Season. Disponível em: https://earthobservatory.nasa.gov/images/147474/a-record-breaking-hurricane-season